Livros de «ensinamentos ocultos» que a Inquisição proibiu mas manteve nas bibliotecas dos mosteiros são expostos a partir de domingo, e até Outubro, na Biblioteca do Convento de Mafra.
A exposição, coordenada por José Medeiros, intitula-se «Magos, Astrólogos e Cabalistas.
Os Livros dos Ensinamentos Ocultos», e foi organizada a partir do espólio daquela biblioteca.
Em declarações à Lusa, o investigador salientou o facto de «a biblioteca de Mafra nunca ter sido deslocada, nem quando da extinção das ordens religiosas em 1834, e reunir a biblioteca do convento e a das escolas, instituídas por decreto de D. João V em 1733, três anos depois da sagração da basílica».
«Trata-se de uma biblioteca conventual exactamente como era e revela um espólio riquíssimo e muito vasto», disse Medeiros.
«É curioso que os livros que a Inquisição proibia e colocava no Index [lista de livros proscritos] integravam as bibliotecas dos seus conventos», sublinhou José Medeiros.
A responsável pela biblioteca, Teresa Amaral, afirmou por seu turno que «este é um fundo de catálogo concreto da biblioteca que está organizada como se se tratasse de uma enciclopédia», sendo esta uma forma de o dar a conhecer.
À exposição, que apresenta «apenas 150 obras de um espólio vastíssimo» poderá associar-se um ciclo de conferências, disse Teresa Amaral.
O investigador afirmou que na exposição estarão patentes algumas raridades, nomeadamente primeiras edições de «autores importantes na área do ocultismo».
«Estas ciências eram ensinadas e encaradas de forma natural até ao Renascimento. Só a partir do século XVII, com o advento do racionalismo e das chamadas luzes, se tornaram marginais e não entendidas», disse.
Entre os autores representados na exposição, José Medeiros salientou os portugueses Jerónimo de Chaves, Abraão Zacuto, André de Avelar ou D. Francisco Manuel de Melo, autor do «Tratado da Ciência Cabala», do século XVIII.
Fonte: Diário Digital
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