segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Aliança para combater biblioteca virtual da Google

Projecto gera discórdia entre as maiores empresas do mercado digital. Coligação de gigantes tecnológicos contra a maior biblioteca virtual do mundo é uma hipótese. Em disputa está o sector literário, um dos mais apetecíveis e rentáveis negócios 'online'

A Amazon, Microsoft e Yahoo vão assinar um acordo apelidado de Open Book Alliance e organizado pela Internet Archive. Esta estratégia visa combater a Google, que pretende criar a maior biblioteca virtual do mundo com o serviço Google Books. Brewster Kahle, fundadora do Internet Archive, é peremptória: "A Google está a tentar monopolizar o sistema de biblioteca online, através da exploração de uma única fonte de todos os títulos publicados".

Esta polémica remonta a 2008, quando a empresa chegou a acordo com algumas editoras e autores face à digitalização ilegal de livros que o Google Books estava a levar a cabo. Na altura, a Google concordou com o pagamento de uma indemnização de perto de 87 mil euros, criando a Book Rights Registry, onde os autores e as editoras poderiam registar os seus trabalhos e receber as devidas compensações monetárias. Na altura, a Google ficou também com o direito de digitalizar títulos cujos autores fossem desconhecidos, o que correspondia a 50-70% dos livros editados após 1923.

A organização sem fins lucrativos Internet Archive, responsável pela digitalização de 1,5 milhões de livros, tem sido a maior contestatária do monopólio que a Google está prestes a conseguir. Até agora, tanto a Microsoft como a Yahoo já confirmaram a sua participação; apenas a Amazon aguarda que a aliança seja formalizada.

"Todos nesta coligação temos uma visão competitiva do mercado literário", garantiu Peter Brantley, director do Internet Archive. "Mas se o Google tiver sucesso, conseguirá garantir o monopólio da exploração de uma parte considerável dos livros de o século XX".

Em sua defesa, a Google argumenta que o acordo para esta biblioteca universal virtual trará grandes benefícios para os autores que, em alguns casos, poderão fazer fortunas com livros que se encontram já fora de circulação e que serão facilmente acedidos através da biblioteca virtual. Trata-se, segundo a Google, de um vantajoso processo de democratização da leitura, onde todos saem a ganhar.

Esta não é a primeira vez que a biblioteca virtual da Google é contestada. Em 2006, uma organização que representava 125 editoras sem fins lucrativos de publicações académicas e livros de teses dos Estados Unidos acusou a empresa de violar normas de direitos autorais com um plano que disponibilizava o espólio de bibliotecas universitárias na rede mundial de computadores.

De França surgiram mais críticas, onde há receio de que a iniciativa possa reforçar o predomínio da língua inglesa e do pensamento anglo-saxónico. Por isso, a França e vários outros países europeus garantiram apoios da União Europeia para um projecto rival para obras que não sejam em inglês.

Por outro lado, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos está a realizar um inquérito sobre o impacto nas condições de concorrência para o mercado livreiro.

Fonte: Diário de Noticias
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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Barreto Nunes deixa biblioteca pública e arquivo de Braga

O responsável da Biblioteca Pública de Braga (BPB) desde 1979, "director de serviço" desde 2000 despede-se do cargo este Verão, devido a certo cansaço, falta de apoio institucional e burocracia na avaliação da Função Pública.

Henrique Barreto Nunes diz também adeus à Direcção do Arquivo Distrital de Braga - o segundo maior do país, supera um milhão de obras -, posto que aceitou temporariamente há três anos, quando faleceu a antiga coordenadora. Ainda não foi anunciado quem irá ocupar os respectivos lugares. A comunidade tem deixado ao monçanense de 62 anos mensagens informais de gratidão pelo trabalho feito.

Barreto Nunes explicou ao JN que a acumulação dos cargos precipitou a decisão. "Para o cargo do Arquivo não tinha preparação suficiente, desgastou-me, causou-me grande sensação de desconforto e frustração, acrescido pelas exigências e pela responsabilidades do injusto sistema de avaliação dos trabalhadores da função pública. Senti também alguma falta de apoio institucional em situações complicadas", resumiu, emocionado.

A curto ea médio prazos, o bibliotecário gostava de concluir o tratamento do espólio de Victor de Sá, doado à BPB há alguns anos e que Henrique teve que interromper devido ao trabalho exigido no Arquivo; porém, tal opção depende de autorização da Universidade do Minho.

"Estou disponível para colaborar com o Conselho Cultural da UM no que entenderem que os meus préstimos poderão ser úteis", define. Vai ainda colaborar no projecto de um dicionário dos bibliotecários e arquivistas portugueses, escrever "algumas coisas" que vem adiando e "tentar ajudar a mudar o governo desta cidade de Braga tão deprimente e corrupta".

Na BPB, com um "grupo de grande qualidade profissional e humana", diz ter "feito de tudo", desde a reorganização de espaços e colecções - facilitando a acessibilidade do público, em especial na informação disponível -, o tratamento do Depósito Legal, o desenvolvimento e animação da secção infantil, a informatização, o fomento da leitura, a realização regular e constante de eventos culturais em múltiplos segmentos e o "total envolvimento" na criação de uma biblioteca de leitura pública em Braga, entre outros.

No Arquivo Distrital, "que tem alguns funcionários excelentes", realça a integração do arquivo da Casa do Avelar, a actividade editorial e a exposição sobre as Invasões Francesas, que lhe causou "alguma alegria".

Fonte - Jornal de Noticias
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