terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Bibliotecas itinerantes alimentam leitores

Livros, CD e DVD circulam por aldeias, escolas, centros sociais, onde encontram um público fiel à leitura.

É um autocarro transformado num espaço de cultura itinerante que percorre as oito freguesias do concelho da Mealhada. Os 50 bancos de passageiros foram retirados para surgir uma zona para ler e ouvir música, um pequeno auditório para a exibição de filmes ou documentários e uma área equipada com computadores, com acesso gratuito à Internet. Chama-se Bibliomealhada e anda na estrada desde o início de Novembro. É um projecto que se alimenta de um exemplo do passado.

Da ambiência e da essência das bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, entretanto extintas.Levar livros, jornais, revistas, CD, DVD e Internet a todas as povoações do município. Os serviços da Biblioteca Municipal da Mealhada saem assim do edifício para chegar às portas de muitas casas.

Mais do que um espaço de requisição de material, o projecto assume que quer ser um espaço de cultura com várias missões. Umas delas é promover a leitura junto dos munícipes de diferentes faixas etárias do concelho. Nesse sentido, o autocarro estaciona nos jardins-de-infância, escolas e centros dias, onde entrega uma mala de viagem com cerca de 20 livros que abordam uma temática e que ficam nos locais durante 15 dias.O projecto está numa fase experimental e o autocarro tem sido procurado por gente de todas as idades.

"Não é uma carrinha, é um autocarro que transporta livros, CD, DVD e audiolivros e, além disso, é possível visionar filmes no seu interior", adianta Manuela Soares, directora da Biblioteca Municipal da Mealhada. É tudo pensado para os mais pequenos, para os mais velhos, para os que têm dificuldades em ler, para os que têm problemas de mobilidade. Há audiolivros para não cansar os olhos e cadeiras que são colocadas junto ao autocarro, quando o tempo o permite.

Os dois postos de acesso à Internet dão a conhecer o mundo das novas tecnologias e os técnicos ensinam, sobretudo aos mais velhos, como se navega na Internet."Os pedidos são ordens", garante a responsável. Os utilizadores do Bibliomealhada podem requisitar material para levar para casa. No autocarro, há 1500 títulos disponíveis e um catálogo online com todas as obras que existem na biblioteca municipal. Requisitada uma obra que não esteja no veículo, ela será transferida para chegar às mãos do interessado. "

É tal e qual como uma biblioteca de antigamente." Na opinião da responsável, a experiência tem sido "um sucesso". E as crianças da cidade-sede do município, que não têm o autocarro estacionado por terem a biblioteca próxima, já reclamaram por não poderem usufruir do autocarro. Uma reclamação que vai ser analisada.

Mais um exemplo. A biblioteca itinerante da Guarda, que existe desde 1996, depois da Gulbenkian ter extinguido o serviço no início da década de 90, percorre neste momento as aldeias que tenham escolas de 1.º ciclo, mais a Vila de Soeiro, onde há apenas adultos idosos, e ainda a prisão da cidade. Ao todo, 31 locais visitados, distantes dos 63 percorridos em 2001.

"Esta diferença deve-se ao facto de terem fechado escolas", afirma a directora da Biblioteca da Guarda, Ana Maria Pessanha. A procura da biblioteca itinerante tem, dadas as circunstâncias, diminuído. "Cada vez há menos alunos nas escolas das aldeias, mas se repararmos no número percentual de leitores, o número até terá aumentado, pois de uma forma geral todos os meninos procuram a itinerante."

E o que mais procuram? "Livros de aventuras e enciclopédias ilustradas para os alunos mais velhos e os de histórias para os meninos mais pequeninos. Os idosos procuram romances, alguns poesia, outros Júlio Dinis, outros literatura infantil."

A biblioteca itinerante de Castro Verde tem, neste momento, cerca de 900 inscritos de todas as idades. Numa semana, a carrinha estaciona em 18 lugares, nos largos das aldeias, perto das escolas, nos montes mais distantes. O director da biblioteca de Castro Verde, José Eduardo Biscainho, garante que o circuito se justifica plenamente. O responsável chega a acompanhar estas visitas e constata que se trata de um serviço afectivo, que há uma família que se cria. Um público fiel que procura livros, CD e DVD transportados pela carrinha, que anda na estrada desde 1997 - depois de ter funcionado ao serviço da Gulbenkian.

A Biblioteca de Beja está, neste momento, a transformar um veículo para transportar literatura a vários locais do concelho e não só. Os bairros periféricos são o destino preferencial e não tanto as zonas escolares, uma vez que os estabelecimentos de ensino têm as suas próprias bibliotecas. Um complemento à rede de leitura da região, mas também uma forma de chegar aos habitantes que se afastam do reboliço citadino. "A cidade tem crescido, as pessoas fazem, cada vez mais, uma vida de bairro e não de cidade. Nesse sentido, é importante ter uma intervenção junto dos bairros periféricos", adianta Figueira Mestre, director da Biblioteca de Beja.

Fonte: Educare.pt

Etiquetas - Bibliotecas Móveis

1 comentário:

Nuno Marçal disse...

Que a estes exemplos se juntem muitos mais!

Que outras Bibliotecas e Bibliotecários apostem neste serviço excelente e de excelência. Vão ver que não se arrependem!!!!

Nuno Marçal
Bibliotecário-Ambulante