Europa recordou o antigo deputado português. Homenagem certa a um homem que era “leitor compulsivo”Era, como o descreveram, um entusiasta «da investigação, da pesquisa, da reflexão», por isso, não haveria melhor homenagem do que atribuir o seu nome a um espaço de leitura e de cultura.
Aconteceu em Bruxelas, na Biblioteca do Parlamento Europeu, um lugar que, desde ontem, tem o nome de Francisco Lucas Pires, deputado europeu e primeiro vice-presidente português do Parlamento Europeu, falecido em 1998. O presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pottering, chamou-lhe «visionário da União Europeia». «Contribuiu para o desenvolvimento da política europeia», afirmou Hans-Gert Pottering, na cerimónia de inauguração da biblioteca, considerando que ao dedicar-lhe o espaço «honramos a sua memória». Mais, disse ainda, os filhos (dois deles ontem presentes na cerimónia) devem «estar orgulhosos do pai», um «distinto professor de Direito» e «um homem que trabalhou em prol da União Europeia».
Francisco Lucas Pires nasceu em Coimbra, em 1944, cidade onde se formou em Direito. Foi professor em várias universidades do país, deputado na Assembleia da República, ministro da Cultura, presidente do CDS-PP e deputado e vice-presidente do Parlamento Europeu. Foi também um apaixonado pelos livros. Era «um leitor compulsivo», recordou o filho mais novo, Simão Lucas Pires, que, com sentido de humor qb, se considerou como o mais adequado dos quatro irmãos para “presidir” à cerimónia.
«O meu pai dizia que havia nos filhos duas gerações: os do 25 de Abril e os da geração europeia, por isso tenho autoridade para estar aqui», gracejou.Um português da EuropaQuem conviveu de perto com o deputado e professor de Direito diz que Simão é igualzinho ao pai. Até no rascunho improvisado onde apontou algumas palavras para a circunstância. Com graça, e arrancando risos na plateia, Simão contou a estória que muitas e muitas vezes se repetiu, quando o pai era chamado, mas continuava “mergulhado” no seus livros, sem dar resposta. «Depois saía e perguntava “disseram alguma coisa?”», recordou o filho mais novo que, com o exemplo, quis demonstrar que «não poderia haver melhor homenagem» do que a atribuição do seu nome a um espaço de leitura, que ele tanto apreciava.
A proposta para atribuição do nome de Lucas Pires à Biblioteca do Parlamento Europeu partiu do deputado centrista Luís Queiró, que desde logo colheu o apoio de vários deputados portugueses, que ontem marcaram presença na homenagem. E não foi, disse, «uma simples homenagem do CDS». Foi antes «uma homenagem da Europa por quem ele [Lucas Pires] se apaixonou». «Foi político, jurista, professor, mestre, intelectual e escritor», descreveu o deputado Luís Queiró, destacando, acima de tudo, a sua «simplicidade que tocava qualquer pessoa» e o «homem de cultura» que sempre foi.
«Era um português da Europa e um europeu de Portugal», concluiu o deputado, amigo de Lucas Pires durante 33 anos. Vasco Graça Moura, Edite Estrela, Jamila Madeira, Capoula dos Santos, entre outros deputados, marcaram presença na “homenagem da Europa” a Francisco Lucas Pires. Coube ao Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra encerrar a cerimónia, através da entoação do cântico “Gaudeamus Igitur”. Não sem antes, e em silêncio, se ouvir o hino na UE.
Fonte: Diário de Coimbra
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