domingo, 25 de maio de 2008

Guarda: Livros doados por Eduardo Lourenço terão espaço próprio na nova biblioteca da cidade

A nova biblioteca municipal da Guarda vai ter uma área própria destinada aos cerca de três mil livros doados pelo ensaísta Eduardo Lourenço, anunciou hoje o presidente da Câmara da cidade.
Segundo o autarca socialista Joaquim Valente, o espólio hoje entregue, que terá a designação "Eduardo Lourenço", ficará exposto ao público, "como um todo independente", na nova biblioteca que será inaugurada a 27 de Novembro, no dia da cidade.

Anunciou que o legado oferecido pelo ensaísta natural de S. Pedro do Rio Seco, Almeida, distrito da Guarda, ocupará um espaço "individualizado, fisicamente separado e distinto de quaisquer outras obras ou documentos com diferentes proveniências".

Acrescentou que o regulamento da biblioteca municipal - que terá o nome do ensaísta - irá prever "especiais medidas no que respeita a consulta e saída de documentos" do fundo dedicado a Eduardo Lourenço, que hoje comemorou a passagem do seu 85º aniversário na Guarda, participando em actividades promovidas pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI).

"Sei que estes três mil volumes, vindos da sua biblioteca particular em Vence [França], foram escolhidos um a um, de forma criteriosa e cuidada", disse o autarca, dirigindo-se ao doador do espólio bibliográfico, na cerimónia de formalização da cedência, realizada na sala de Sessões da Assembleia Municipal.

Joaquim Valente também considerou que o gesto do ensaísta "é bem revelador da estima que nutre pela Guarda e da confiança que manifesta nesta Câmara Municipal, que passa a ser a fiel depositária deste seu espólio".

"Tudo faremos, senhor professor, para estar à altura de tal responsabilidade", disse o autarca, observando que a "generosa" oferta "muito enriquece o património cultural da Guarda".
"Com esta doação estou dizendo adeus a mim mesmo e estou preparando o mais confortável dos túmulos", afirmou Eduardo Lourenço, quando discursava na sessão que assinalou a entrega oficial dos livros escritos em Língua Portuguesa.

Contudo, salientou que o facto de serem disponibilizados na biblioteca que terá o seu nome, "é como dar-lhe uma outra vida, uma memória futura", porque "esses livros serão lidos por outros mais jovens".

O filófo e ensaísa fez uam confissão acerca das obras que doou: "São os livros dos meus amores, dos meus estudos, das minhas paixões literárias".
O gesto "é uma maneira de consagrar à capital do distrito onde eu nasci, uma função de preservar alguma coisa do menino que eu fui nesta cidade, onde entrei para o Liceu, aos dez anos, onde fiz a terceira classe e a quem me ligam tantos laços afectivos", acrescentou.

Os livros da colecção particular de Eduardo Lourenço vão juntar-se ao espéloio de mais de 75 mil títulos que já tem a nova biblioteca municipal da Guarda.
A construção da nova biblioteca foi iniciada em 2004, na Quinta do Alarcão, no mesmo local onde se encontra a sede do CEI, uma associação transfronteiriça sem fins lucrativos, que nasceu de um desafio lançado pelo ensaísta Eduardo Lourenço na sessão solene comemorativa do Oitavo Centenário do Foral da Guarda, em 1999.

Tendo em conta a localização geográfica da cidade, o pensador lançou a proposta para a criação de um Instituto da Civilização Ibérica, que acabou por se chamar Centro de Estudos Ibéricos.
Foi criado numa parceria da Câmara Municipal da Guarda com as universidades de Coimbra e de Salamanca (Espanha), envolvendo mais tarde o Instituto Politécnico local.

A nova biblioteca Eduardo Lourenço, no valor de 1,7 milhões de euros, foi candidatada a fundos comunitários, numa parceria que abrangeu a Câmara Municipal da Guarda, a Universidade de Salamanca e o CEI.
ASR.

Fonte: Noticias.sapo.pt
Etiquetas - Acervo Documental , Bibliotecas Públicas

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